segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Juan Calzadilla, poeta venezuelano






MARIONETE



Alcança-me, digo a mim mesmo, e apresso o passo, quase
diria que corro, dando pernadas, atrás de mim. Mas
é que poderei dar alcance a alguém que permanece fixo
em um ponto tal que, quando avanço, também ele
avança na mesma direção, como se ambos
estivéssemos soldados aos extremos do braço de um
pantógrafo? Para qualquer lado que ensaie dar um passo,
algo de mim, que sou eu mesmo, desprende-se para
colocar-se, proporcionalmente, com urgência,
na mesma distância de antes. O que sou e o
que procura distanciar-se de mim enquanto trato de dar
alcance manifestam-se simultaneamente.

Só uma dúvida persiste: qual desses dois extremos do
mesmo braço sou eu realmente?





Juan Calzadilla (1931) é um dos poetas venezuelanos mais representativos de seu país.


Tradução: Floriano Martins

imagem retirada da internet

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