sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Raízes expostas, poema RCF





Matemática sem números,
álgebra sem cálculos,
tormento sem vento,
apenas o lamento
do vento no torno do dia.

Essa paralisia, voz que não escapa,
essa distonia, mão que não aperta,
é o fruto da terra crescendo pra dentro
como um tubérculo que afunda
no mar de terra.

Raízes expostas - são feridas da terra
no tecido seco depois das queimadas.
Secos também são os olhos camponeses
onde nada viceja.

Um dia o homem
é o gafanhoto e sua praga,
no outro é o semeador
que aplaca a chaga.




(do livro Terratreme, Fundação Cultural de Brasília, 1998)

imagem retirada da internet: diogo rivera






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