quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Criminalidade, poema RCF


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Sei que me roubo.
Sei que me furto.
Sei também quando me rendo.
Todo dia me assalto
à luz do dia e da vida.
Roubo vários sentimentos
mas o assalto
que ofereço à mão armada
nenhum ladrão de mim
me leva: o passado
que pesa como carteira cheia.
Rufla em mim
o tambor com seis balas.
No horizonte, cavalos
sem olhos habitam
as cocheiras do tempo.
Vítima de mim mesmo
não quero comiseração,
cada dia sou menos,
não há cofre, nem chave,
estou à mercê do gatilho
que disparo ao acordar:
o sumiço do sonho.








(do livro Memória dos porcos. Rio: 7Letras, 2012)









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