sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O vento assassinado, Fermando Mendes Vianna

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Invocamos o vento. E o vento veio.
Vivificou nossas vidas sua voragem.

O vento multiplicou a nossa imagem
em espelhos de ar dentro do seio.

Temerosos do despedaçamento
expulsamos o vento. E veio a aragem.

Ah! Perdemos a grandeza da viagem,
a galopada pelo país do vento!

O vento de hoje tem um freio.
Sangra sua boca de tristeza.

Mitologia decepada em sua beleza,
nosso cavalo está partido ao meio.

É mudo o nitrir da sua mensagem.
Sem a fúria da crina, como o campo é feio!

Só velhos ossos do antigo vento
resgatam nosso horizonte da estreiteza.

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