terça-feira, 6 de novembro de 2018

Ventre frio, poema RCF


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O galo no meu jardim é uma planta de penas,
move sua crista em flor na inquietude verde.
As frutas azedam a existência pendurada.

A geladeira agasalha fragmentos dispersos de vida.
Uma coxa de galinha, meia garrafa de suco,
carne gelada do não,
ali, no ventre iluminado e frio,
a vida se dá nos pêssegos cortados
como fetos em conserva.

(Eterno passageiro, 2004)
 

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