domingo, 11 de novembro de 2018

O viajante, poema RCF



 



Cada viajante viaja
sua própria viagem.
Cada estação de trem, aeroporto,
é uma estação onde se embarca
a vida e seus apetrechos:
o cemitério dos anos.
Em minha casa há muito rosto estrangeiro.
Meus móveis a cada ano
tiram férias do meu corpo:
um dia chegarei à estação final
e não saberei se ainda há mais trilho
a percorrer na neblina dos olhos.
Viajante, deixei um caminho
que sempre esteve em minha casa
como um quadro virado para a parede.


(do livro Memória dos porcos. 2012)



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