quinta-feira, 14 de março de 2019

Marítimo, poema RCF

 Elina Brotherus's Baigneuse, Orage Montant'

                                  


Que velocidade marítima está em nós,
que Deus sabe de meus pecados
e tombadilhos
à espera de um
dedo de proa
que nos livre do
cais, do caos
e da desordem?

Que jardim marítimo planta
a rosa dos ventos
nesta naufragata
que avança alucinada e pura
e não me popa
destes diários desatinos
                                   de bordo?

Este mar não me salva-vida
me leva o Leme
faz do Rio um mar
e me naufraga na onda
das marés da moda.
Este o dilema, o fato mercante
que me assalta:
a bússola ou a vida?

                                   (do livro Estrangeiro, Rio, 7Letras, 1997)

Nenhum comentário:

Postar um comentário